Que estranhos caminhos percorremos nesta vida!
Vivemos como se a vida fosse eterna.Quando na realidade ela é tão efêmera. Aprendemos, desde muito cedo, que: “Teríamos uma vida pela frente”.
Que deveríamos trabalhar muito; estudarmos, ainda mais ; termos os nossos filhos. Lutarmos, sem tréguas, se desejássemos vencer e sermos felizes.Sonhamos tanto e almejamos, outro tanto... E depois de muitos tropeços e desilusões, acabamos conseguindo tão pouco, quase nada, e, então, percebemos que já está na hora da gente partir...
Parece que a nossa história, já estava escrita.Que embora quiséssemos muito, a vida nem é eterna, nem foi como pensávamos, que seria.Que muito ou pouco, tanto faz, como faria.
Entretanto...Será que valeu a pena: ter trabalhado tanto; ter discutido tanto; ter lido tantos livros; ter perdido tantas noites de sono, ter ficado tão preocupado; ter brigado tanto; ter engolido tantos sapos; ter esquentado tanto com as pessoas e com a própria vida? São tantos os…“tantos”
Até bem pouco tempo, éramos crianças inocentes e adorávamos brincar; depois vieram os namoros de adolescência e, num piscar de olhos: ficamos adultos, envoltos em trabalhos, mazelas e paixões.
E de repente, a difícil realidade...estamos velhos.
Meu Deus, como o tempo passou tão rápido...
Ontem, crianças. Hoje. velhos.
Mas na verdade... Não foi o tempo.
Fomos nós que passamos pela vida, como as
águas dos rios, sem nada perceber, inebriados
na contemplação do porvir.
Aqui na solidão do meu quarto, fico indagando e tentando entender, sem pressa nenhuma, o que parece ser um jogo inexplicável. Será que a Natureza ardilosamente sempre nos enganou? Será que somos meros joguetes ,em suas mãos, vitimas das nossas ilusões e das necessidades dela,mãe Natureza?
Alguém dirá: “Temos os nossos filhos, os nossos bens, as nossas crenças e os nossos deuses”. Puro engano. Os filhos são sementes, lançadas ao mundo; os bens são transferíveis, daqui pra lá. Nada, absolutamente nada nos pertence, Até os nossos deuses são inventados por nós.
Vivemos num mundo de mentiras e enganos.Somos enganados e nos enganamos diariamente.
Até os nossos neurônios, hormônios e humores contribuem para o grande engodo.
Os momentos felizes são raros, e precisamos buscá-los; os de tristezas, vêm naturalmente ao nosso encontro.
As cartas estão devidamente marcadas. Não há mistérios.
As vitórias são aparentes. Perdemos a todo instante.
Parece mesmo que a nossa história.. já estava escrita.
Embora quiséssemos um novo rumo, a vida nunca foi como sonhamos que seria.Que muito ou pouco, tanto faz, como faria.
Não há nada que se possa fazer. Temos apenas que continuar, continuar vivendo a nossa doce e amarga ilusão.Porque a única coisa que verdadeiramente temos é a vida O resto é um utópico eterno retorno.
Texto:Nelson Barh
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